Definitivamente, uma das principais perguntas que recebo no consultório: “Mas esse remédio vicia?”. Esse medo frequente deve sim ser perguntando. Como sempre digo aqui e durante a consulta: perguntem! Não tenham medo de perguntar. Tenham medo de sair sem entender.
E o que eu percebo quando recebo essa pergunta?
Em geral, estão se referindo aos medicamentos “tarja preta”. A tarja preta presente na caixa da classe medicamentosa dos benzodiazepínicos (popularmente conhecidos como “calmantes”, remédios para os nervos”, e assim vai...) é um alerta de que aquela medicação possui um potencial de causar dependência em uma parcela da população. Devemos ter medo? NÃO! O uso bem indicado e supervisionado pelo psiquiatra traz segurança ao tratamento. O que não deve é usar por conta própria ou por indicação de alguém que não seja seu médico.
Outra situação que traz esse medo é quando o paciente conhece alguém que toma medicações há um longo período de tempo. A depender da natureza da condição psiquiátrica, é necessário um uso mais longo sim. Cada caso é um caso! Pensemos: um portador de diabetes que usa insulina por toda vida para controle do sintoma. Isso significa que ele é viciado em insulina? Não!
Uma última situação por mim identificada é quando o paciente argumenta que parou ou conhece alguém que parou de tomar q medicação e os sintomas retornaram. A para abrupta sem a orientação devida do médico psiquiatra pode ocasionar efeito rebote ou o retorno dos sintomas. Por isso, a suspensão da medicação deve ser feita de forma gradual, junto ao psiquiatria que lhe acompanha.
Então, resumindo:
Há uma classe de medicação que pode causar dependência em uma parcela da população, principalmente se for utilizado sem supervisão do psiquiatra.
Algumas pessoa vão precisar de um tempo mais longo de tratamento, mas isso não significa vício.
A parada de forma brusca, sem orientação do psiquiatra, pode ocasionar retorno e piora dos sintomas.
Yasmin Fortaleza
Psiquiatra e psicoterapeuta
CRMCE 16144
RQE 10822
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